Vale a pena estudar psicologia e se tornar psicólogo nos dias atuais?

A profissão de psicólogo foi regulamentada no Brasil em 27 de agosto de 1962. Desde então, milhares de pessoas já se dedicaram a estudar psicologia almejando trabalhar na área. O que muitos ainda se perguntam é a seguinte questão: vale a pena?

A resposta a essa questão depende estritamente dos seus objetivos. Estudar psicologia deve ser o resultado daquilo que você almeja enquanto pessoal: alcançar estabilidade em um emprego, se realizar pessoalmente, ter grandes salários, etc. Quais são os seus objetivos?

Pensando nisso, vamos listar alguns pontos para os que estão pensando em estudar psicologia possam levar em consideração, lembrando que o trabalho de psicólogo está diretamente relacionado a cada um deles. Vejamos:

01 – Oferta de emprego em psicologia

O mercado de trabalho para os psicólogos vem crescendo nos últimos anos, mas ainda está longe de ser um dos melhores no Brasil. O espaço dos psicólogos nas escolas, por exemplo, só foi regulamentado recentemente, em dezembro de 2019.

A presença dos psicólogos nas escolas só foi aprovada através da Lei 13.935/2019, promulgada pelo governo federal e publicada no Diário Oficial da União (DOU) no ano passado, após anos de reivindicação da categoria, segundo o Senado.

Toda a rede pública agora poderá contar com psicólogos e assistentes sociais, mas para que isso se torne realidade é preciso que os governos publiquem editais de contratação e/ou concursos da área, o que também exige muito tempo e burocracia.

Assim, os dois maiores campos de trabalho em psicologia ainda são nas seguintes áreas de atuação:

a) Clínica

Essa é a área da “psicologia clássica”, como muitos gostam de se referir. Isso porque foi assim que a psicologia se tornou conhecida, principalmente ao ser associada em grande parte à outra corrente de estudo comportamental, que é a psicanálise.

Geralmente quem pensa estudar psicologia se imagina atuando na área clínica, já que a mesma corresponde a maior parte dos que atuam na área. Isto ocorre por vários fatores, entre eles o contato direto e mais próximo com o cliente/paciente.

Segundo, pela facilidade de início imediato na área. Para ser um psicólogo clínico basta concluir a formação, obter a inscrição em um Conselho Regional de Psicologia e abrir o seu consultório, que pode ser alugado, compartilhado ou próprio.

b) Organizacional

Muitos também pensam em estudar psicologia para atuar junto às empresas.

O psicólogo organizacional pode atuar em diversas áreas, como na parte de recrutamento e seleção, capacitação/treinamento, supervisão e desenvolvimento de projetos internos voltados para a melhoria do pessoal.

Geralmente a psicologia organizacional é a porta de entrada para muitos psicólogos, competindo apenas com a psicologia clínica.

c) Escolar, social e hospitalar

Em terceiro lugar temos um equilíbrio entre a psicologia escolar e social. A docência (ensino em faculdades/universidades) também é uma alternativa, porém mais restrita aos profissionais que se dedicam à pesquisa e possuem maior tempo de carreira.

Também temos a psicologia hospitalar, onde os psicólogos atuam mais na atenção aos pacientes internados e suas famílias.

Vale destacar que com exceção da clínica, em nenhum outro ambiente é permitido ao psicólogo realizar psicoterapia. Escola, hospital, escola ou áreas sociais não são ambientes psicoterápicos no sentido clínico do termo.

O psicólogo possui métodos de abordagens diferentes para cada área onde atua, e isso é de extrema importância, pois visa preservar a qualidade do trabalho da categoria, assim como o espaço de trabalho de cada especialidade.

Falaremos detalhadamente sobre cada área em outra publicação.

02 – Estabilidade profissional

Como é possível notar pelo tópico anterior, a estabilidade profissional depende muito de cada profissional, visto que a maioria atua principalmente no setor privado, seja como autônomo (através de consultório clínico), ou como funcionário em escolas, hospitais ou empresas.

Existe concurso para psicologia, sim, e esta é uma oportunidade para quem deseja atuar, por exemplo, nos hospitais (maior demanda) ou na área social, mas a frequência e o número de vagas geralmente disponibilizadas para os psicólogos são desanimadores.

Quem pensa estudar psicologia para alcançar estabilidade profissional deve considerar o concurso público na área como segunda opção, e se concentrar em construir a própria estabilidade através da competência individual, investindo na qualidade da sua formação, ampliando a sua área de atuação.

Na prática, a estabilidade profissional em psicologia fora do poder público é algo que leva tempo, pois está diretamente relacionada ao tempo de atuação, área onde atua e competência individual de cada profissional.

Há psicólogos recém-formados com excelentes redes de contato e grande habilidade para a clínica, de modo que rapidamente formam uma carteira de clientes sólida, a qual não para de crescer.

Junto a isso esse profissional também é contratado para atividades paralelas, como aulas, palestas, cursos, treinamentos, avaliações psicológicas, onde a somatória dos trabalhos lhe rende uma excelente fonte de renda, superando e muito a média salarial de R$ 2.705,00.

Por outro lado, há profissionais de longa data que “pararam no tempo”. Vivem há anos sem buscar novos desafios, qualificações, expansão da atuação e melhoria pessoal. Com isso, muitos desses desanimam os mais novos, pois refletem para a categoria uma incapacidade que espelha a si mesmo, e não a profissão em si.

03 – Realização profissional na psicologia

É possível alcançar estabilidade profissional e ser realizado na psicologia? Muitos afirmam que não, mas a verdade é que uma coisa está atrelada à outra, e tudo depende da forma como você inicia seus estudos em psicologia.

Se você pensa em estudar psicologia visando exclusivamente ganhos financeiros, certamente irá se frustrar.

Assim como se pensar apenas em realização profissional, vai acabar “caindo na realidade” ao perceber que, salvo os privilegiados economicamente, em algum momento você precisará trabalhar com algo que não gostaria.

O sucesso profissional geralmente é consequência da realização pessoal, e para isso acontecer também é preciso vivenciar alguns sacrifícios, como não ter o salário dos sonhos em determinado momento da vida. Ele poderá surgir, mas com o tempo.

O bem mais valioso do psicólogo é o ser humano, e este geralmente cria vínculos duradouros. O psicólogo que sabe trabalhar seus vínculos, dificilmente fica sem trabalho e renda, pois ele fundamenta esses vínculos na relação de confiança e necessidade com os seus clientes/pacientes, algo que é recíproco.

É por isso que a competência individual é tão importante quando falamos de “estabilidade profissional em psicologia”, pois de nada adianta criticar determinada área sendo o profissional errado, no lugar errado, pelos motivos errados. O problema não é a área, mas você!

Cresce a demanda em psicologia

Por fim, os que pensam em estudar psicologia já entenderam que é importante considerar não apenas o mercado de trabalho, mas também a competência individual diante do que significa estabilidade profissional, aliada à realização pessoal.

Mas outro grande fator influencia muito na decisão de estudar psicologia ou não: a demanda! Em outras palavras, há pessoas interessadas no trabalho do psicólogo?

A resposta é o redondo sim! O mundo atual está cada vez mais propenso ao trabalho dos psicólogos, pois vivemos numa geração mais consciente sobre a importância da saúde mental.

Diferentemente do passado, onde o preconceito contra os psicólogos era grande (“psicólogo é coisa pra louco”), na atualidade a busca por ajuda psicológica se tornou mais comum, aconselhada e requisitada.

A explosão de problemas como a depressão, ansiedade e o suicídio infelizmente contribuíram para o aumento dessa demanda, e é neste cenário que o trabalho dos psicólogos é tão crucial. Por tanto, se você pensa em estudar psicologia e acredita que tem perfil para isso, vá em frente!