Ansiedade em crianças e adolescentes aumenta risco de alcoolismo no futuro, diz estudo

Uma nova pesquisa conduzida pela Universidade de Bristol encontrou evidências de que crianças e adolescentes com níveis mais altos de ansiedade possuem maior risco de desenvolver problemas com álcool no futuro.

O estudo publicado no Addiction foi realizado pelo Grupo de Pesquisa sobre Tabaco e Álcool da Universidade (TARG) da Escola de Psicologia e da Unidade de Epidemiologia Integrativa do MRC (MRC IEU).

Muitos estudos já investigaram a relação entre ansiedade e uso de álcool, mas as evidências não são claras. Alguns descobriram que uma maior ansiedade está ligada ao maior uso de álcool, enquanto outros estudos descobriram que a ansiedade está ligada ao menor uso de álcool, ou não encontraram associação.

Os pesquisadores realizaram uma revisão sistemática de 51 estudos prospectivos de 11 países [Estados Unidos, Alemanha, Finlândia, Reino Unido, Holanda, Austrália, Taiwan, Canadá, Nova Zelândia, Suécia e Noruega] para investigar se a ansiedade de crianças e adolescentes está associada ao uso posterior de álcool e transtornos por essa substância.

Quarenta e seis estudos incluíram homens e mulheres, quatro tinham uma amostra exclusivamente masculina e um tinha uma amostra exclusivamente feminina. Trinta medidas avaliaram a ansiedade e 40 medidas avaliaram o uso de álcool.

Os tamanhos das amostras do estudo variaram de 110 a 11.157 participantes. A idade de exposição à ansiedade variou de três a 24 anos, e a idade do uso alcoólico variou de 11 a 42 anos.

O estudo encontrou evidências de uma ligação entre a ansiedade da criança e do adolescente e os distúrbios apresentados durante o uso posterior de álcool. No entanto, as associações de ansiedade com a frequência de beber mais tarde, quantidade e consumo excessivo do álcool, foram mais inconsistentes.

A PhD. Maddy Dyer, estudante do Grupo de Pesquisa em Tabaco e Álcool da Escola de Ciências Psicológicas, que liderou a pesquisa, disse:

“Nossas descobertas indicam que jovens com maior ansiedade podem ter um risco maior de desenvolver problemas com álcool. Mais pesquisas são necessárias para entender por que existem diferenças nas associações para níveis de consumo de álcool versus uso problemático, e para estabelecer quais indivíduos com ansiedade desenvolvem problemas com álcool. Isso poderia levar a melhorias nas intervenções personalizadas”.

O financiamento conjunto do estudo foi articulado pela Fundação Britânica do Coração, do Cancer Research UK, do Conselho de Pesquisa Econômica e Social, do Conselho de Pesquisa Médica, do Governo do País de Gales e do Wellcome Trust, sob os auspícios do UK Clinical Research Collaboration.

Comentário:

Em um contexto onde transtornos de comportamento ligados à ansiedade tem sido um dos sintomas mais comuns entre crianças e adolescentes, esse estudo é de grande importância para os pais, mas especialmente para os profissionais de saúde mental.

Evidentemente, o estudo aponta o que muitos já reconhecem por experiência prática, mas oferecendo subsídios científicos para que os profissionais da psicologia, por exemplo, possam compreender melhor a relação entre o consumo de álcool e ansiedade, não sobre o caráter fisiológico desse processo, mas sim emocional.

Por: Joanne Fryer
Universidade de Bristol
Comentário: Will R. Filho